Cidade de Mairi-BA.
Mais 230 municípios baianos estão em situação de emergência por causa da falta de chuvas no estado. A estiagem na Bahia é considerada a pior dos últimos 30 anos e já afeta metade da população baiana. 

Por conta da forte seca, em algumas localidades o abastecimento de água está sendo feito através de carros-pipa. Na zona rural, o gado está morrendo de fome e sede. Os fazendeiros estão tirando o gado para outros municípios, a procura de pastos para alugar.
Monte de Mairi - Imagem feita na BA-130
A seca que assola o município de Mairi não é recente. Há anos que ela vem batendo a nossa porta. A população rural do município de Mairi vive do leite e abate de animais. Nos últimos anos, os nossos criadores melhoraram, e muito, a genética dos animais. Todas essas ações contribuíram para o crescimento da renda daqueles que optaram por viver no campo.

Entretanto, podemos ver que já começa um fluxo de migração dos moradores da zona rural para as cidades por conta da longa estiagem. A economia está à beira da ruína. As pessoas estão perdendo os seus rebanhos e a esperança. Estamos condenados a ver todo o rebanho a ser dizimado se a seca continuar.

Os agros-pecuaristas de Mairi estão gastando o que não têm para transferir os seus rebanhos para outras regiões da Bahia, arriscando perdê-los na viagem, por conta de não-climatização dos mesmos ou até mesmo vendendo-os por preços irrisórios. Segundo a ADAB-Mairi, o município tinha cerca de 41.000 animais cadastrados. De janeiro até esta quarta-feira, dia 23 de maio, já sairam do município cerca de 15.000 animais e esse número não para de aumentar.
O rebanho que aqui permanece come mal e pouco; a água é racionada e salobra. Além disso, não possuímos capacidade de convivermos com a seca por mais de 30, 60 dias no máximo. Palma, mandacaru, palha de "licuri", sisal, espinheiro, algaroba, mandioca, cacumbi, "aincó" e outras fontes de alimento para o gado quase que não existem mais. As poucas águas existentes já estão secando; o preço das rações é incompatível para o período.

Todas as ações anunciadas pelos governos federal, estadual e municipal são apenas paliativos que tendem a minimizar os sofrimentos das pessoas. Entretanto, sabemos que elas não resolverão o problema da falta de chuvas, que pode se agravar mais ainda.

Até o momento da chegada das chuvas será períodos de estrema privação e dores para o nosso povo. Tudo que está sendo feito é para diminuir o prejuízo da nossa gente e do município. Não sei se em 5 (cinco) anos iremos recuperar a economia de Mairi. Até lá, nos parece que uma boa alternativa é ter mais fé em Deus e rezar.

O comércio, que nos últimos anos cresceu muito, vê o colapso bater em suas portas. Hoje, segundo dados de comerciantes locais se vendem menos de 50% do vendido na mesma época de anos anteriores e, as pessoas não estão conseguindo pagar as suas prestações, aumentando mais ainda o desespero de muitos comerciantes.
Na semana passada, começou a chover aos poucos no município de Mairi. Se continuar chovendo, poderá imanizar o sofrimento da população.

Confira algumas fotos tiradas na região de Angico:
Fotos feitas no início do mês de maio.

Redação e fotos: Agmar Rios

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