O último dia 17 de junho de 2013 entrará para a história do nosso país pela forma como uma multidão de pessoas, desafiando o poder público constituído, passara a protestar contra todos os abusos e males que nos afetam em nosso cotidiano.
O governo, esse mesmo que arrecada muito e nos transfere pouco, assistiu a tudo "bestializado", como diria José Murilo de Carvalho, no período da proclamação da nossa república. E, além de não poder reagir às manifestações, teve que, paralisado, apoiá-las, sob pena de, como em 1992, cair.
O Transporte público, os gastos com os grandes eventos esportivos (Copa e Olimpíadas), são apenas prerrogativas de algo que já vem a nos afetar a anos: A corrupção clara e vergonhosa que rodeia o setor público do país. Infelizmente, no Brasil, se programa algo pensando em quanto poderá se tirar com determinada execução.
O povo que, nos últimos 50 anos, tinha se levantado somente, nessa proporção, nas reformas de base do governo Goulart, em 1964 e no impeachment do presidente Collor em 1992, mostrara agora que acordara. Os governos, em suas diversas instâncias, devem repensar gastos públicos com eventos e propagandas, a mercê da falta de saúde, educação, moradia, transporte e segurança por qual é privada parte significativa da população brasileira.
A imprensa interna e externa focaliza tais manifestações como um marco na história nacional. O dia em que mostramos ao poder público a força popular e a insatisfação de um povo que não aguenta mais as "farras" com o dinheiro público.
"Mais de 230 mil pessoas em, aproximadamente 20 cidades do país". "Romperam-se as barreiras das capitais, chegando o movimento ao interior", relatavam os jornais nacionais e estrangeiros nesta terça-feira. O recado foi dado; Ou o governo acorda de vez, capitaneando para si a responsabilidade, que já é sua, de combater a corrupção e aplicar recursos naquilo que é fundamental para o país, ou a população, anestesiada até ontem, poderá escrever uma nova história neste país.
Por José Alan Oliveira Almeida
