O escritor e poeta Carlos Dias, natural de Jequié, que mora em Feira de Santana, recentemente visitou o município de Mairi e escreveu um poema em homenagem ao distrito de Angico. Ele é membro da Igreja Assembleia de Deus Cristianismo sem Fronteiras de Feira de Santana.
A visita aconteceu no dia 15 de novembro de 2013, onde na oportunidade, a Caravana Amor Sem Fronteiras da Igreja Assembleia de Deus Cristianismo Sem Fronteiras de Feira de Santana, visitou os municípios de Mairi e Mundo Novo.
A caravana com cerca de 250 pessoas em 42 carros visitaram o povoado de Alagoinhas e o distrito de Angico, no município de Mairi. Depois seguiram para Umbuzeiro, Alto Bonito e Cobé, no município de Mundo Novo, realizando evangelização, trabalhos sociais, dança, arte, visitas, aconselhamentos, entrega de alimentos para algumas famílias carentes etc. Clique aqui e veja mais. Da redação do Blog Agmar Rios.

Confira o poema de Carlos Dias:

Angico torrão Brasil
Terras em brasas
Céu cor de anil
Sol implacável
Queimando o chão
Queimando os sonhos
Da população.

Angico
Natureza hostil
Pedras e pedregulhos
Cercas e estacas
Gravetos secos
Inexistentes estercos
Açudes secos
Riachos perecidos
Nuvens blefantes
Lagoas secas
Mandacaru persistente
Políticas ausentes
Sequidão constante
Vidas secas
Vidas extintas
Sonhos secos,
Sonhos extintos.
Que dureza Angico!
Mais duro que...
Carvalho e Terebinto.

Angico
Veredas deste sertão
Povo sofrido
Povo aguerrido
Baianidade em exclusão.

Angico torrão Brasil
Terras em brasas
Céu cor de anil
Chão sem Angico
Céu sem chuvisco
Esperanças sem asas
Voam pra muito longe
Vidas aflitas em brasas
Clamores que ninguém responde.
Deus onde estás?!
Pois o mal já sabemos onde.

Chuva onde estás?!
Por que por tanto tempo te escondes?!
O bonde do êxodo rural leva nossos filhos pra longe
Enquanto a tristeza mordaz,
Nos devora e nos constrange.

Saudade aqui é muito mais que poesia
Está explicita e implícita em nosso dia a dia.
Plantada, fincada, arraigada
Nos corações sem alegria.
E como aqui não tem água
Regamos com lágrimas
Esta plantação
Que brota ano após ano
No único terreno fértil
Que é o nosso coração.

Angico
Terra estéril
Torrão Brasil
Presente no mapa
Mui longe das capas
Onde ninguém nunca viu.

Angico
Torrão natal
Torrão mortal
Com seus letíferos caminhos
Adornados de dor e de espinhos
Nunca mais de flores
Muito menos de passarinhos.

Aqui onde o boi já não há
A vida parece insistir
Em nos boicotar

Angico torrão natal
Nascer por quê?!
Não sei pra que!
Viver pra que?!
Viver por quem?!
Chego a desanimar
E até mesmo crer
Que Angico é...
Terra de ninguém.

Lenha seca e ossos secos
Enfeitam nossa região
Enquanto nossos filhos esquálidos
Descalços de pés no chão
Fazem parte da paisagem
Daqueles que persistem teimosamente
Próximos da inanição.

A retórica de hoje
Fala do ser cidadão
Mas os seres de Angico
Distintos desassistidos
Lutam por um pedaço de pão.
Com pouca força e coragem
Faço a minha oração:
Que o filho do homem venha
Fazer morada em nosso coração
Para que deixemos de comer
O pão que o diabo amassou
Para então comermos
O Pão que amassou o diabo.
Que o filho do homem
Não nos desampare na luta
Para que possamos vencer
Dia a dia a labuta.

Que nossa fome e sede de justiça
Sejam plenamente saciadas neste aprisco
Para que possamos viver ainda nesta vida:
Um novo dia!
Uma nova vida!
Um novo Angico.

Para que este poema possa terminar assim:
Angico torrão Brasil
De pastos verdejantes
Terras férteis e água abundante
Povo alegre e varonil
Terra assistida
Terra incluída
Orgulho da nação Brasil.

Canta, canta, minha gente
Com gratidão e louvor
Ao único verdadeiramente digno
Que mudou tua sorte por amor
Canta, canta, minha gente
Se prostra e busca ao Senhor.

Quero te ver Angico
Curado!
Abençoado!
Prostrado!
Diante do Senhor!
Morreu na cruz Angico
Pra ser teu Salvador.
Meu, meu Angico brasileiro
Terra do Nosso Senhor.

(Carlos Dias 16-11, 17-11 e 18-11-2013)

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