O umbu e o licuri, bem conhecidos pelos nordestinos, podem ganhar uma lei estadual que auxilie a preservação. O projeto de lei nº 21.135/2015 que tramita na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) visa tornar estas espécies de interesse comum e imunes de corte. Além disso, propõe que estas plantas sejam consideradas como raras e ameaçadas de extinção.

Pela proposta, o corte e a retirada serão permitidos apenas quando necessário a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou de relevante interesse social, sendo preciso autorização da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) ou do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Mesmo assim, será exigido plantio das espécies suprimidas em locais próximos.
Segundo a autora do projeto, deputada estadual Neusa Cadore (PT), existem outras espécies também ameaçadas. "Essa preservação ecológica é fundamental para assegurar a geração de renda e a sobrevivência de muitas comunidades no semiárido, pois há um grande risco de extinção dessas e de outras espécies", justifica a deputada.

"No semiárido muitas famílias vivem da renda arrecada com a extração do licuri. De um tempo para cá a planta vem sendo devastado por conta da seca, das queimadas e até para construção de campos de futebol", relata Josenaide de Souza, secretária executiva da Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (COOPES).  
Ligada à produção do licuri, a COOPES tem 250 sócios e produz 25 tipos de alimentos. Biscoitos, sorvete, picolé, beiju, entre outros produtos estimulam a cadeia produtiva, mas a comercialização está desprotegida e fragilizada pela atuação de atravessadores. Segundo Josenaide, alguns municípios já aprovaram leis para preservação dessas espécies, mas é preciso fazer muito mais. "Estamos em constante mobilização para tentar preservar a espécie e garantir que a economia solidária promovida por essas famílias seja fortalecida", afirmou Josenaide.

Com o umbu a realidade não é diferente. Em 2014, a fruta entrou na lista de alimentos ameaçados de extinção elaborada pela fundação Slow Food. A entidade indica as secas prolongadas e a competição com a criação de bodes como as principais causas para o possível desaparecimento da espécie. 

A extração do umbu também é fonte de renda para famílias moradoras do semiárido nordestino. O município de Uauá, na Bahia, é destaque na exportação e reúne 244 cooperados, a maioria mulheres, na Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá. 

Lino Filho - Ascom Neusa Cadore

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