O licurizeiro e o umbuzeiro foram pauta de uma audiência pública realizada nesta segunda-feira, 06, em Capim Grosso. A atividade teve como objetivo discutir e colher sugestões para o Projeto de Lei N. 21.135/2015 de autoria da Deputada Neusa Cadore que visa a preservação dessas espécies, oriundas do semiárido brasileiro, e contribuem com o desenvolvimento socioeconômico de milhares de famílias. Participaram do debate representantes de 17 municípios dos Territórios Bacia do Jacuípe, Piemonte da Diamantina e Sertão São Francisco, integrantes de associações, cooperativas, grupos extrativistas, além de lideranças políticas, secretários de agricultura, instituições de pesquisa e órgãos do governo do estado.
O presidente da Coopercuc (Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curacá, de Uauá) Adilson Ribeiro, destacou que hoje há uma maior conscientização sobre a preservação ambiental, mas a lei é muito importante porque traz outros debates. "Não basta só preservar, precisamos discutir outras políticas públicas voltadas para o extrativismo, para agregação de valor aos produtos, além disso tem a questão da valorização da cultura e da alimentação saudável". 
"A gente quer ser parceiro nesse processo porque a Bahia precisa ter uma legislação que dê melhores condições ao extrativista e garanta o livre acesso para que a cultura do licuri não morra", afirmou Juarez Oliveira, representante da Bahiater, órgão responsável pela assistência técnica da agricultura familiar, ligada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR). Também participou o representante da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) de Jacobina, Paulo Sérgio. 
A preservação das plantas nativas do semiárido faz parte da atuação da Coopes (Cooperativa da Região do Piemonte da Diamantina) desde 1997 e ela é uma das instituições que encampam o projeto. "A atividade foi um sucesso. Agora precisamos ampliar o debate para outros municípios porque a lei só acontece se nós lutarmos. O poder público aprova, mas somos nós quem fazemos acontecer", disse a presidente Josenaide Alves.

A Deputada Neusa Cadore parabenizou a luta das organizações sociais e agradeceu as contribuições apresentadas. "Consideramos que esse movimento é o alicerce das políticas públicas, por isso nossa proposta é discutir com vocês que conhecem tão bem essa realidade e já construíram tantas iniciativas importantes. Esse é um debate que nos faz refletir sobre o semiárido, sobre a economia, sobre a importância de empoderar economicamente as mulheres e como levar ao governo propostas para ampliar as políticas de forma que as atividades ligadas à cultura do umbu e do licuri possam se fortalecer. A deputada informou ainda que serão realizadas uma série de debates em outros municípios para sensibilizar e conscientizar a população sobre a importância do projeto e para o incentivo à criação de legislações locais. 

Pesquisas

O licuri tem sido objeto de estudos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) e do IFbaiano. O professor Márcio Harrison (IFbaiano), por exemplo, mostrou a pesquisa que tem sido desenvolvida sobre o licuri e a melhoria da qualidade da produção na região, inclusive com a produção de maquinário para facilitar o beneficiamento do licuri.

Já o professor Ruy Mota, diretor do IFBA de Simões Filho, mostrou uma infinidade de produtos que podem derivar do licuri e apresentou o estudo da viabilidade técnica dos resíduos, iniciativa que pode contribuir na ampliação do aproveitamento do coco e gerar mais renda para os agricultores familiares.

Ascom Neusa Cadore

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